Histórias de natal (*)
Os sinos das catedrais irão bater
e ecoarão, os seus sons, em canções
que sepultarão o clamor dos canhões;
das gargantas dos soldados a correr,
(aos seus algozes ou às suas vítimas),
se ouvirão as vozes dos embates,
em harmonia livre e legítima,
ecoando pelos campos de combates.Os letreiros das cidades sitiadas se acenderão
e, ao redor das casas, todos cantarão;
esquecerão que estiveram em guerra,
disputando ideologia, paz ou terra.
Ascenderão, uníssonos, os cantos
em uma sinfonia que enxugará os seus prantos.
As mães vestirão roupas brancas em seus soldados,
estraçalharão seus uniformes como vidros estilhaçados,
e os jogarão no mesmo mar de tantas pelejas.Os meninos com suas vestes brancas,
livres de seus líderes ( e sob a materna liderança ),
reviverão os piscares das luzes na lembrança
e soltarão dos fuzis, rumo ao espaço, as trancas
em artifício de fogo para iluminar o céu
até que a munição descanse ao léu,
bem longe e distante dos infantes.Os sinos irão bater em suas mentes
e as luzes, que se acenderão em seus corações,
trarão recordações natalinas. De repente
todos ouvirão os risos dos homens brincalhões,
esperando o papai(Noel) que estava na trincheira,
e também resolveu entrar na brincadeira.
E do silêncio, antes sepulcral, das zonas de batalhas,
os meninos (agora livres de suas mortalhas
e numa fraternidade sem precedente),
esquecerão (até nunca mais) os gritos de horror ou de dor
que maltrataram a todos e, até mesmo, de quem do incidente
foi o autor, se ouvirão as mensagens de amor,
determinando que hoje não haverá discórdia.
E todos escutarão de Deus a misericórdia
que será contada nas histórias de natal.José de Sousa Xavier
(*) Poema que obteve o 2º lugar no I Concurso Literário Histórias de Natal, do site Vida Cristã, realizado em 2003.
A premiação ocorreu na 1ª quinzena de dezembro e esta obra foi enviada a Blocos, pelo autor, em 24/12/03.