NEVE DE VERÃO
Coníferas banhadas de branco
Estranha festa tropical
O homem em roupa de cetim
Num verão de quarenta graus
 
Seja solidário!
Dê canja ao otário!
Force o imaginário
Para ser feliz
 
Limpe a consciência
Forjando a decência
Pague penitência
Faça o que não diz
 
Presente, passado, futuro
Imagens do lado escuro
Reflexos dobram o muro
Desta civilização
 
A barba branca na face
Ajuda a escorrer o suor
Quanto se paga ao bom homem
Pra dar de si o melhor?
 
A mesa farta que faltou no ano
É a  aprova cabal de nosso desengano
A Lapônia acabou por virar Lapa
Pois estamos no lado de baixo do mapa
 
Um brinde ao que está no coração da gente
A tudo que se escreve, a tudo que se sente
Que a neve de verão ao menos traga a impressão
De que nada do que se fez foi em vão.

                                                                         Felipe Cerquize


 

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