SORVETERIA


Dia de verão qualquer
no labirinto dos shoppings
os homens tomam sorvete.

Alguns engolem vorazes
receosos de que o mormaço
lhes arrebate a porção.

Outros, lentos, não acertam
com o creme fugaz o ritmo
da fome. Morrem na fonte.

Poucos os que se deleitam
fruindo o açúcar e a neve
sem dúvidas sobre a dádiva.

Existe quem torça a cara
às iguarias servidas
imaginando outras raras.

E quem enfeite o bocado
de caldas extras, perfume
de licores, nozes finas.

Todos um dia qualquer
terão suas taças vazias
lábios imóveis, mãos frias. 

                                  Astrid Cabral

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