Beijo S X Z de Verão


 Um beija-flor
bateu em minha porta.

Chegou de mansinho,
elipsoidal movimento
sacudindo a brisa
                   ágil e flutuante
por um momento,
            parou o vento.

Imenso instante,
            constante no pouquinho
de presença
que se chega
           em vôo de passarinho.

Emitiu o bom sinal:

A luz de sua beleza
acalenta,
reluz pura realeza,
alegria magenta.

Como pintura vital,
sua fina delicadeza
em desenho aéreo
pincelou o prisma
                das flores,
festejou
bailando desnudo
              entre as cores,
metamorfoseando
as dores
das pétalas passadas,
                  em paz.

Celebrando amores
                   anulando desamores
ou coisas mal amadas.

Brindando o verão
na explosão
de seus calores
exóticos odores,
              beijou-as sorrindo,
se entreabrindo
aos sabores
num sorrisso
caramelo,
arco-íris
        de mel.

E assim,
partiu novamente
sem prumo
ao oásis destino,
              rumo ao céu.

                       Paula Valéria Andrade

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