O COMEÇO DO VERÃO


Assim começao o verão: as moscas zumbem
e as pedras resplandecem
e os rumores do mundo nos perseguem
sob a forma de duas e miragens.

E sucede que, ao cair da noite,
o dia se converte no intocável
seio nu, rival do sol extinto.
E as cigarras cantam. E os trens passam.

A vida, abelha sem mel, zumbe na claridade.
E as moscas importunam os corpos
embalsamados pelo verão.
E nas matas crepitam os primeiros incêndios. 

                                  Lêdo Ivo

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