MULHER

Mulher de um sonho distante
na névoa densa da noite
eu te sabia em mim
dispersa em minha canção

Eu te queria tão próxima
de luz e raio constante
pra te dizer tantas coisas
como o mais comum amante

Sussurrar no teu ouvido
palavras soltas ao vento
mas te vais sem deixar rastros
dona e senhora do tempo

Mulher de um sonho distante
não sei se existes de fato
sei da maneira que chegas
no clique de algum retrato

Mas teu rosto não me foge
nem teu riso enigmático
nesse mistério que explode
como um flash fotográfico

Mulher sem nome consomes
minha sede de ficar
nas asas da tua gruta
meu abrigo meu luar

Nesse instante és meu apelo
aumentando esse tesão
só te quero verdadeira
se teu nome for paixão

SONATA PARA IR À LUA

Desnudo já me dou de mim
doendo na doação das folhas da floresta
que vão caindo sem saber-se
sendo pedaços de nós na noite deserta

A lua imponderável vai ardendo cúmplice
em nossa luz de fogo e festa
Meus olhos são dois galhos te dizendo
que o forte às vezes treme em sua aresta

Esta outra face frágil de aparência
que só aos puro é dado conhecer
no abraço da paixão e sua ardência

Mesmo cego de mim     eu pude ver
e sentir    no teu beijo    a clara essência
que faz do nosso amor raro prazer

Anibal Beça