Vontade

Sinta! Provoque na voz o sim
E chegarei, quem sabe, mansa
Cansada de jogo e trato ruim
Sentidos alados de mariposa

Farte-se! Cale-se em mim
E serei firme, areia certa
Adornando um casto jardim
Provendo castelos em pedra

Eu, que te acompanho sem temor
Eu, querendo água em meus pés
Eu, respiro o ar do teu calor

Você, com poesia cala a dor
Você, sorriso fácil em "miés"
Você, com nome de poeta-amor



Meu Momento e Você

Podemos dormir o sono dos justos
E ninguém há de recriminar
Como não entregar-se ao descanso
Após a luta travada na rama
Onde me tornas dama da tua ambição
Decorando minha casa com língua inquieta
Em cintilantes suspiros de apetite atroz

E tão manso é o teu enlace
E tão calma é a tua agressão
Que mesmo em solavancos descompassados
Trazes a dança que mais gosto
E bailo nos teus caprichos
Ante a música de tantos urros
E se aos deuses imploro a morte
À você dedico a vida
Doando da concha incandescente
O manto que cobre o caminho de tua semente

Tens sob comando tudo que mais imploro
Somos de água e fogo, de fogo e água
Ora rios de candura amansando nossa lava
Ora vulcões em erupção aquecendo toda água

Acordar em teus pensamos mundanos
É glória,  fartura e sorte nos moldes desta fêmea
De visitas inesperadas para sugar tua sanidade
De surpresas à tua vida para acabar com teu sossego
Mas é a tua felicidade que alimenta a minha
São tuas virtudes que preenchem meus anseios
Onde rogo para que não tenha fim tamanha aflição
Onde imploro para que me sufoques no teu supremo momento

Tentando eternizar o encontro das almas
Peço que não pares
Grito que rasgues
Suplico que invadas
Soluço um querer e não poder
E no afã de vê-lo esvair-se
O controle foge ao meu comando
Num terremoto convulsivo
Escancarado, insolente e sem tréguas
Que, como um relâmpago,
Atravessa as mil léguas de nossos corpos


Amantes feitos e refeitos
De amores em tantos leitos
Dama e cavalheiro
Dos encontros mais perfeitos
Onde nos vestimos de nós dois
Nos perfumamos um do outro
Preenchemos de saudades os segundos
Procurando ocupar-nos com pensamentos
Que não nos denunciem
Aos olhos de quem não compactua com viver

Tua boca!
Teu beijo!
Tu! Alimento da minha força
Em ser fraca diante de ti
Tuas mãos!
Teu peito!
Teu aconchego! Meu leito
Tua pele!
Teu cheiro!
Teu corpo!Minha casta selvageria
Homem!
Corrompa minhas virtudes de puta
Deite teus delírios em minhas mãos
Não sufoques mais o que tens na alma
Porque tuas mais preciosas lágrimas
Já encontraram as minhas

                              Márcia Ribeiro