Tempestade

Na confusão do mais horrendo dia,
Painel da noite, em tempestade brava,
De fogo e ar o ser se embaraçava,
De terra e ar o ser se confundia.

Bramava o mar, o vento embravecia,
A noite em dia, enfim, se equivocava,
E com estrondo horrível se assombrava
A terra, e se abalava, e se estremecia...

Desde os altos aos côncavos rochedos,
Desde o centro aos mais altos obeliscos,
Houver temor nas nuvens e penedos;

Pois dava o céu, ameaçando riscos,
Com assombros, com pasmos e com medos,
Relâmpagos, trovões, raios, coriscos...

                                         Gregório  de Matos

Do livro: Os cem melhores sonetos brasileiros, Livraria Freitas Bastos, 4ª ed.1941, RJ
Enviado por Belvedere