EIS QUE CÉLERE SE APROXIMA O INVERNO

a perfeição não existe
não existe o belo
não há o claro
dos olhos
felizes
não


a dor
árdua na tarde
de quem tece fios de amargura
e despedaça tênue esperança
um a um - vai desenovelando a lã
da vida que quisera cana ou aroma de chuva

um
a um
desenrolando
todo o enredo do que seria
às vezes deitado em redes sob neblinas
outras vezes esmaecendo o alvor em certas manhãs
onde os cavalos e as éguas eram só calmaria no prado

mas
eis que
célere se aproxima
o inverno - com suas noites candeeiras
e o amor aos livros cálidos a nada se compara

quando muito ao barulho daquelas ondas
aos dezessete:
a doçura de salvador

                    Lafaiete Luiz do Nascimento