"Neve que te quero branca!"

Neve pura cheia de graça,
dá de graça só a cor,
trazendo ao olhar a PAZ.     

De resto, derrapa pneus,
atrapalha o trafegar,
nos pede tempo dobrado
pro vestir e agasalhar.

Mesmo encarapuçados,
roupas, roupas e mais roupas,
nos esfria os pobres ossos,
penetra pelas narinas
congela até pensamentos.

O sol brilha acanhado,
parece estar resfriado,
ou se sentindo sozinho.

Muitos não sobrevivem:

Pássaros em revoadas,
os insetos soterrados,
flores e folhas caídas
sob a brancura da neve.

"Neve que te quero branca!

Melhor é nossa Belém
ser a Belém do Pará,
da gente que vive lá.

                 Marlene Andrade Martins