TON SUR SOM
Letras,
Que desfilam,
Desconexas,
Flutuam
Sozinhas,
Aos pares,
Miudinhas.
Juntá-las?
Como?
Cantá-las?
Em versos.
Chorá-las?
Poesia.
Declamá-las?
Em prosa?
Um conto?
Uma crônica?
Que tal soneto?
Sonoro!
Que tal uma trova?Trovinha de amor cantada
que brilha aos olhos pequenos
De meu sempre amado
Com seu rosto sereno.Difícil juntar
Letras dispersas,
Das teclas
Esperam o som
E as mãos de artista
Que darão o tom.
POETANDO (*)
O que me faz poetar?
Se vivo na contramão!
Se estou contra maré!
Se só ouço não?O que me faz poetar?
Se vivi sem paixão.
Se encontrei amor na vida
Foi apenas o de verão?A vida dividida em fases,
Boas ou ruins, apenas marcos
Que na vida faz divisão.
Talvez o segredo esteja ai
Na sina difícil de viver
Nascem as palavras, as rimas
Que substituem o ter ou ser.Me visto de mulher feliz,
Sorrio os versos da escrita,
Vivo nas poesias: as paixões
Para um poeta, é isso a vida?Vera Vilela
(*) (poesia que virou música em parceria com Waldyr Argento Jr.)