O INVISÍVEL POEMA
Aqui se cruzam os caminhos
de épocas remotas e atuais.
Neste espaço finco os beirais
desta casa onírica.Meu ninho
é esta escrita em pergaminho.
São as fantasmagorias banais,
os sons obsessivos das vogais
e as libações efêmeras do vinho.
Não falo de casas em borborinho,
nem de monumentos e catedrais.
Registro, apenas, nesta escrivaninha
o invisível poema em redemoinho,
capturando o lido e o olvido e os ais
escutados na partição dos caminhos
NASCIMENTO
O poema não nasce
do corpo amado
nem do orgasmo
nem do espasmo
O poema não nasce
da ferida aberta
nem da cicatriz
nem da gase e da raiz
O poema nasce
da ruptura verbal
do estranhamento linguístico
de qualquer coisa além
da fala. Ou do pensamento.
Rubens Jardim