ANTÔNIMO DE MIM
Poemas que não me dizem nada,
quanto há tantos, nessa estrada,
que ainda desejam ouvi-los.
Declamações que me aborrecem,
porém o mundo não esquece,
embora eu tenha esquecido.
Antônimo de mim
são versos que enfim,
eu jamais citaria.
Mesmo na poesia,
a fé como utopia,
ao cético poeta
não pode enganar.
Assim, não espera,
para não se cansar.
Por convicção,
mantenho na mão,
não acreditar.
POEMAS DE MINHA ALMA
Tenho um corpo oco
como um toco.
Sou apenas casca.
Sentimentos soltos
dentro de um coco
ainda cheio d'água.
Ajuntei apenas
um ou mais fonemas.
Transformei-os em versos
num simples reverso
de minha própria cara.
E cada poema
que julgam ser meu,
é de quem morreu
ou de minha alma.
João Felinto Neto