Estátua de Carlos Drummond em Copacabana (Rio), com um verso do poema "Mas viveremos", autor Leo Santana

FLORES NO DESERTO

São flores exuberantes
no deserto,
entre espinhos e areia,
meus versos,
ou talvez miragem seja,
entre patas
de uma cáfila
que passeia.
Uma nuvem de poeira
não encobre
o colorido das flores,
nem os odores
que exalam.
São escravos de um nobre,
que combóiam a caravana.
O enigma que acompanha
as pirâmides.
Os meus versos, tão distantes
dessa ponta de caneta,
semelhante flores, na estreita
ilusão
de que são versos.

                 

          
Estátua de Florbela Espanca no Parque dos Poetas,
em Oeiras, Portugal


POETA DE BANCADA


Escuto o retinir
do martelo na bigorna,
o galope na água morna,
de um corcel à beira-mar.

Na poesia popular,
um cordel de sete versos,
um soneto em si disperso,
de um poeta a sonhar.

Que entre capas quer deixar
um pedaço de sua vida,
a poesia colorida
pelo gosto de rimar.

Nunca pare de pensar;
não importa a idade.
Um poeta de verdade
nunca deve se calar.

 João Felinto Neto

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