EM NAVE DE OUTONO
A seriedade do fato,
A causa não encontrada,
A gravidade do efeito
Em dúvidas derramadas.
Buraco negro no peito
Você partindo de jeito
Cavalgando sua luz.
Série repetindo cores
Estrada arrumada em cruz
Trilha de veias tortas
Fila instantânea de dores
Vácuo de verdades mortas.
Ai, um buraco no peito
À falta de gravidade,
Ais flutuando à vontade.
E seu sorriso de efeito
Quicando em meu coração,
Deixando lanhos no chão.
Secas folhas de ouro leve
Sobem ao céu enviolaradas.
Sonho de inverno, não nego
Se em outonos navego,
Que a bússola desnorteada
Carregue-me em brisa breve.
Elane Tomich