Carnaval
Podexá que eu vou,
Subir a ladeira aos empurrão, dotô .
Podexá .
Dêxa que sirvo
Corda, cuspe, indiferença e aluá.
Ah, eu vou sim,
Rasgar abadá de cetim
Murro embaixo, murro em cima,
Zanzando, pulando, exu querubim.
De antemão lhe digo
Venha cassetete, cuzão, fardado chinfrim.
Ah, eu vou fudê sem fim.
Loura, trançado enganado,
Cabocla de beijo molhado,
Enfezado.
Neguinha quente, beiço, cabelo
Volta em branco tostado.
Tomaram minha avenida,
Tem nada não,
Choque de nariz na mão.
Festa de povo, não.
Festa de homem quebrão.
O jegue, o povo, o cartaz...
“Foda-se, foda-se, foda-se”
Nu em cima do caminhão,
Se fosse Zé. O camburão.
Venha e medite no Farol,
A orixá turvará seu sol.
Ou o asfalto negro
E as águas revoltas
Salgadas em brumas
Vão corroer seu sorriso, sua alma,
Seu bolso corrupto...
Carlos Vilarinho(Sábado de carnaval, 2009)