Carnaval

Tu és minha fantasia de lamê dourado
E em tua pele costurei meus sonhos
De fazer amor contigo, de camarote,
Ao ritmo de surdos e tamborins.
Suores, bocas, mãos,
Um enredo sem perdão.
Um desfile de campeão.
Trago o estandarte das dores
De sofridos amores,
De buscas e agonias.
No repique, os meus ais em teus braços.
Na cuíca, meus gemidos e estardalhaços.
Na tua cadência, minha harmonia.
As marcas nos lençóis são nossas alegorias
E nada poderá ser reaproveitado.
Quero ser tua comissão de frente,
Tua evolução, tua apoteose.
Quero só chamar tua atenção,
Despir a musa no chão,
Cantar tuas neuroses.
Sou foliã em tua concentração,
Esquento teus instrumentos
À medida que me dominas.
Subo em teu carro alegórico
Sambo na tua avenida,
Entre confetes e serpentinas.
Sou tua porta-bandeira do amor
E tu, meu mestre-sala,
Em evoluções frenéticas e vigor,
Embalas os espaços entre as alas.
E nosso desfile termina?
Apenas alguns minutos?
E como sonho de sambista,
Tudo se reconquista:
No próximo ano estaremos juntos.

                                     Lílian Maial

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