Estátua de Carlos Drummond em Copacabana (Rio), de Leo Santana, com um verso do poema "Mas viveremos"
Dos Poetas e sua Poesia
(Aos Poetas amigos)
Um escrínio de ouro,
caixa de Pandora em que restou esperança,
tonel das Danaiades, inesgotável,
Mamas maternas de farto leite,
manancial a escorrer do alto, pelas rochas
a refletir o sol e a lua,
mar de plancton e peixes das palavras móveis,
vulcão que guarda no imo
todo o calor das rochas ígneas,
toda a promessa de explosão
que um dia fecundará o entorno...
Pana-paná com incontáveis metáforas ou rimas
— ou pote vazio delas, das borboletas apenas imaginadas...
Plêiade de estrelas a bordar a noite,
Bando de aves a espalhar as penas
e a trinar em notas de cristal...
Colméia onde o trabalho das abelhas incansáveis,
há de gerar um mel salutar e curativo,
terra ao redor da árvore que guarda o sono das cigarras
— as que morrem de tanto cantar
e ainda deixam para trás as asas translúcidas...
Assim, a Poesia, fonte de inesgotáveis
pensamentos originais que banham de ouro
todas as frases que parecem plenas de loucura,
mas são mais que lúcidas,
a tornar único cada poema que se escreva,
por mais recorrente e conhecido
o tema explorado.
Se alguém é poeta, jamais escreverá um poema
igual a nenhum outro já escrito ou dito.
Esse mistério, somente o self explica,
na sua tarefa de ter o próprio estilo
e ser singularmente belo...
14 de março, dia da Poesia
Clevane Pessoa de Araújo Lopes