Estátua de Carlos Drummond em Copacabana (Rio), de Leo Santana, com um verso do poema "Mas viveremos"
Está registrado na história desse tempo
Não adianta você me negar,
me jogar para segundo plano,
fazer de conta que não estou presente...
Minha poesia há de lhe por de joelhos...
Maior que a minha poesia
somente a minha poesia...
e a poesia de Charles Baudelaire
e a poesia de Flor Bela Espanca
e a poesia de Cícero e Virgilio...
Está registrado na história desse tempo
que você me negou,
que me deixou esperando horas e horas,
que me trocou por ilustres, por sexo,
por senhores e senhoras cobertos de jóias...
A luz das luzes tudo vê,
o céu dos céus nada esquece...
mas eu te perdoo,
compreendo a tua fome,
as tuas vãs necessidades...
(quanta perda de tempo)
(quanta leviandade)
Li num livro sagrado:
"Quando a verdade se cala,
as meias verdades são aplaudidas!"
Edu Planchêz