Estátua de Carlos Drummond em Copacabana (Rio), de Leo Santana, com um verso do poema "Mas viveremos"

 

DECIFRANDO POEMAS

Invólucro de éter invisível
Um arco-íris de ares rarefeitos
A revelar meus medos mais medonhos
E outros tantos segredos mais secretos.

Como se me perdesse
Assim, eu vivo
A decifrar poemas no meu canto
Adormecendo a alma
No mistério e no acalanto das sereias.

Assim, em ocres e azules, dissolvida
Eu sigo me desfazendo   em cores frias
Recompondo-me de flores em carne viva.

Como se eterna fosse a despedida
E eu tão eterna e diminuta
Imensa em minha sede
De amores e de águas
A súdita lunar das madrugadas
Respirando o hálito dos astros.

Imaterial, o que eu penso
Há um diamante no sol
E pousa um esplendor
Sobre o meu ventre.
Pensar que sou lunar e nave
Voo de garça sobre os girassóis.
E amanheço sonora
Ensolarada
A persistir cantando.

                 Sandra Fonseca

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