CAMPESINAS VII
Engrinaldada de rosas,
Surge a manhã pitoresca...
Que linda aquarela fresca
Nas veigas deliciosas!
Que bom gosto e perfumosas
Frutas traz, madrigalesca
A rapariga tudesca
Que vem das searas cheirosas!
Como os rios vão cantando,
Em sons de prata, ondulando,
Abaixo pelos marnéis!
Que carícia nas verduras,
Que vigor pelas culturas,
Que de ouro pelos vergéis!
CAMPESINAS VIII
Orgulho das raparigas,
Encanto ideal dos rapazes,
Acendes crenças vivazes
Com tuas belas cantigas.
No louro ondear das espigas,
Boca cheirosa a lilazes,
Carne em polpa de ananases
Lembras baladas antigas.
Tens uns tons enevoados
De castelos apagados
Nas eras medievais.
Falta-te o pajem na ameia
Dedilhando, a lua cheia,
O bandolim dos seus ais!
CAMPESINAS IX
NO CAMPO SANTO
Morreste no campo um dia,
Como uma flor desprezada.
Clareava a madrugada
Azul, vaporosa e fria.
Sobre a agreste serrania,
Numa ermida branqueada
Por uma manhã doirada
Um sino repercutia.
Teu caixão, de camponesas
E camponeses seguido,
Desceu abaixo às devesas.
Ganhou o atalho comprido
De casas em correntezas
E entrou num campo florido.
Cruz e Souza