PROCURA-SE MÃE QUE SUMIU
Eu nunca soube
ao certo
quantos éramos.
Só lembro de muito barulho,
da algazarra,
das risadas permeadas
de coisas bobas
[hoje morando
nas lembranças]
antes engraçadas
por estarmos todos
crianças.
E no meio
desta gritaria
-gigantesca
a mãe
que tudo sabia
num afã
de dar conta
de cada cria
Ela acreditava
que podia,
talvez por isso
desse tão certo
com ela.
Mas o tempo,
inimigo implacável,
tirou a dona da roda
do nosso meio
e qual pintos assustados
espalhados
por todo o canto
nos deixou atarantados
e sem rumo
Até hoje sem prumo
procuro
aquela bruxa fada
que remexia
o tacho
e abaixava o nosso facho
com seu feitiço certeiro
e não acho.
Elza Fraga