SUBJETIVISMO

Ela chegou - e vinha, era manhã cedinho -
das franjas do horizonte à quente luz da aurora.
Isso foi ontem, e é como se fosse agora,
ela vinha e eu ia, era o mesmo caminho...

Ela parou, parei e olhamos-nos mansinho,
com palavras de afeto. Antes de ir-se embora
ela tremeu, tremi, ia avançada a hora,
ficamos mais um pouco entre os lençóis de linho...

Depois, depois meu Deus, em chama e torvelinho,
soube que ela voltou a esses campos de outrora,
corri a reencontrar a paz do seu carinho.

E só então, ouvi que ela aí se demora,
nos braços de outro amor, construindo de mansinho
um trono rendilhado a sonho e luz de aurora...



POEMA DE MALDIZER

Quando passavas por mim,
eu te espiava, e que boa,
me parecias de longe.
Chegaste um pouco mais perto
e eu percebi com enlevo,
que estavas quase divina.

Uma promessa e um engano,
doce mentira que agrada,
estimula, desnorteia...
Aí é que vi bem claro,
que eras boa, divina
e tentadora, de fato.

Por que mentir nesta vida,
por que enganar a quem ama?
Melhor que não fosses boa
e que não fosses divina...

                          João Justiniano