VILANELA

Nunca mais o clarão do teu sorriso,
que é do meu mundo sol particular,
há de raiar sobre este chão que piso.

Agora sei, perdi meu paraíso
horas completas não irão voltar.
Nunca mais o clarão do teu sorriso

há de secar a chuva ou o granizo.
Somente a estrela negra do pesar
há de raiar sobre este chão que piso.

O que vive ou em sonho valorizo
perdi quando perdi o teu olhar.
Nunca mais o charão do teu sorriso

quebrará o silêncio com seu guizo
de juventude transbordando no ar.
Há de raiar sobre este chão que piso

só a esperança na hora do Juízo
quando Deus te fizer ressuscitar.
Nunca mais o clarão do teu sorriso
há de raiar sobre este chão que piso.



SONETO

Junto a mim decorreu a tua vida
no curto tempo em que fui tua casa.
Paredes de osso e carne eram guaridas
quando no sono o sr desabrochavas.

Do amor à sombra e posto a meu cuidado
em tantas terras e sob tantos tetos
a espalhar alegria em todo lado
preso estavas nas redes de um afeto.

Se de mim afastavas te seguia
advinhando aflita a tua trilha
até no emaranhado mapa vê-la

a esperar, a esperar que em algum dia
retornasses, atrás deixando a ilha.
Teu endereço agora é nas estrelas

                Astrid Cabral