ELEGIA NO OUTONO
Quebro os meus olhos plenos
de tua indifernça.
E ainda mais cresces
nesta fragilidade.
O vento passeia e paira
nas alturas de teus ombros
e contempla-me alheio
a esses meus voos imensos.Os filamentos dos sonhos
tecem hoje desnorteados,
e proclamam
tua majestade real.
Enredados na noite
os fios dos sonhos
relutam, e afagam
a própria inépcia.
Tuas melodias
são serpes aladas
sobre os meus gestos
prisioneiros.Dilacerado, meu rosto
recolhe os fragmentos
de sua glória
enraizada em sóis
há tempos revogados.
os olhos se esgotam
e sas ocultas ruínas
inconformadas
me proclamam.
Joanyr de Oliveira
Do livro: Tempo de Ceifar, Thesaurus, 2002, Brasília/DF