Páginas de outono
O que eu gosto, no outono,
é qualquer coisa de desalinho
e desalento.
É a supremacia do vento
sobre as folhas passadas,
sobre as páginas viradas.
É um desapego,
um despedir-se,
estendendo um tapete
de folhagem,
por onde o futuro,
triunfante,
desfila sua nova
roupagem.
O outono tem, sim,
qualquer coisa
de mutante.
É um desvencilhar-se,
para seguir
adiante.
Mara Senna
Do livro: Ensaios da Tarde, Editora Coruja, 2012, Ribeirão Preto/SP