FLORMULHER
Colho ramos atados em mim mesmo
e submersos na noite tormentosa.
E entao em desvario colho a esmo
as vagas ressonâncias de uma rosa.Ela é flor, certamente. Mas, dolosa
multiplicou-se, e está plantada em sesmo
de meu interior, silenciosa
fêmea cruel, a eternizar-se. Desmo-ronando tudo, logo me inebria
nas pétalas de fogo de seu seio
e freme os horizontes de meu dia.E a flormulher, fatal, se abrindo ao meio
nos sombrios desvãos desta porfia,
renasce em mim o sonho e o devaneio.
Joanyr de Oliveira
Do livro: Tempo de Ceifar, Thesaurus Editora, 2002, Brasília/DF