Regina Coeli
Das brancuras de seda sem desmaios
E da lua de linho em nimbo e raios.Regina Coeli das sidéreas flores,
Hóstia da Extrema-Unção de tantas dores.Ave de prata e azul, Ave dos astros...
Santelmo aceso, a cintilar nos mastros...Gôndola etérea de onde o Sonho emerge...
Água Lustral que o meu Pecado asperge.Bandolim do luar, Campo de giesta,
Igreja matinal gorjeando em festa.Aroma, Cor e Som das Ladainhas
De Maio e Vinha verde dentre as vinhas,Dá-me através de cânticos, de rezas,
O Bem, que almas acerbas torna ilesas.O Vinho douro, ideal, que purifica
das seivas juvenis a força rica.Ah! faz surgir, que brote e que floresça
A Vinha douro e o vinho resplandeça.Pela Graça imortal dos teus Reinados
Que a Vinha os frutos desabroche iriados.Que frutos, flores essa Vinha brote
Do céu sob o estrelado chamalote.Que a luxúria poreje de áureos cachos
E eu um vinho de sol beba aos riachos.Virgem, Regina, Eucaristia, Coeli,
Vinho é o clarão que teu Amor impele.Que desabrocha ensangüentadas rosas
Dentro das naturezas luminosas.Ó Regina do Mar! Coeli! Regina!
Ó Lâmpada das naves do Infinito!
Todo o Mistério azul desta Surdina
Vem d'estranhos Missais de um novo Rito!...
Cruz e Sousa