MARIETA
Como o gênio da noite, que desata
O véu de rendas sobre a espádua nua,
Ela solta os cabelos... Bate a lua
Nas alvas dobras de um lençol de prata...O seio virginal que a mão recata,
Embalde o prende a mão... cresce, flutua...
Sonha a moça ao relento... Além na rua
Preludia um violão na serenata!...... Furtivos passos morrem no lajedo...
Resvala a escada do balcão discreta...
Matam lábios os beijos em segredo...Afoga-me os suspiros, Marieta!
Oh surpresa! Oh palor! Oh pranto! Oh medo!
Ai! noites de Romeu e Julieta!...
Castro Alves
Do livro: "Cancioneiro do amor - os mais belos versos de poesia brasileira (Arcades, Românticos, Parnasianos)", org. Wilson Lousada, 2ª ed., 1952, Livraria José Olympio, RJ