DE SAUDADES VOU MORRENDO

De saudades vou morrendo
E na morte vou pensando:
Meu amor, por quê partiste,
Sem me dizer até quando?
Na minha boca tão linda,
Ó alegrias cantai!
Mas, quem acode ao que eu digo?
— Enchei-vos d'água, meus olhos,
Enchei-vos d'água, chorai!

                                     

                                       António Botto

Do livro: "Os mais belos versos da poesia portuguesa - séculos XV a XX", seleção e notas Wilson Lousada, 1952, Livraria José Olympio, RJ