PRIMAVERA (I)

                       A Mauro Antonio do Valle (Campos do Jordão/SP)

A primavera surge empoeirada.
As flores com visível raquitismo,
cumprem, a custo, essa missão sagrada
de ornar o vale, o monte e até o abismo.

O que será de nós quando mais nada
houver para enfeitar nosso lirismo
e a primavera, fria e desbotada,
sucumbir, totalmente ao próprio sismo?

Não quero estar presente nesse tempo...
Eu amo a flor a cor, amo a quimera
que a vida justifica em seu teor;

por isso, ajoelhada no seu Templo,
hei de render à deusa Primavera
o canto vivo de um perpétuo amor.

PRIMAVERA (II)

                       A Maynard Goes (Campos do Jordão/SP)

É primavera... A deusa homenageada
em todos os recantos do Universo!
Lindos jardins, em seu perfume imerso,
são joias lucilando na alvorada.

Setembro chega como a madrugada,
cantado em cores no esplendor de um verso.
Com seus encantos líricos converso,
feliz e inteiramente fascinada.

Ai, quem me dera que, da flor de um dia,
ouvisse a voz a trescalar poesia
em doce idílio sussurrando amor...

Pois, só crerei no ouvido abosluto,
se conseguir — na haste do minuto —
ouvir a voz silente de uma flor!

                               Elisa Barreto

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