AVÓ-CIRANDA

Minha avó é cadeira de balanço
a cavoucar minha memória.
Avó-ciranda, que pensa em bandas
enquanto acalenta crianças.

     Avó cheia de estrada,
     avó cheia de ciranda.

Avó-cântaro, que extrai leite das vacas
e dá de beber a quem tem sede.
Avó-cesta, que escolhe batatas
e prende no véu as madeixas.

      Avó cheia de estrada,
      avó cheia de lágrima.

Minha avó-ciranda,
que cheira a batatas e a leite,
é mulher-coruja,
nascida das raízes do carvalho.

      Avó cheia de estrada,
      avó cheia de orvalho.

A avó que em mim dorme
embala a menina que ora canta.
Minha avó desperta a dor
de eu ser minha própria criança.

Rosy Feros

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