MATURIDADE
 
Foi-se o tempo da mocidade...
Vejo a mim mesma: teria a criatura
se tornado uma reles caricatura,
ao atingir a plena maturidade?
 
Devo apenas viver de saudade
prantear só tristeza e amargura,
manter de um alquebrado a postura,
vivendo ao largo, longe da humanidade?
 
Recuso-me a este enredo pertencer!
Na história da minha vida errante
este será o capítulo mais vibrante.
 
Quero ainda crer, proclamar vitórias
ser amada e viver muitas glórias,
na sabedoria que o tempo me conceder.

POETAMIGO
 
Amigo poeta:
já se foram os rouxinóis
todas as cigarras
todas as andorinhas.
E também os corvos
e até os pardais.
Caíram todas as folhas
das cerejeiras
dos laranjais.
Esquecemos da neve
que nunca branqueou
nosso telhado
nosso jardim
mas que reina, perene,
em nossos cabelos...
Apesar disso o sol e a lua
para nós ainda brilham na rua.
Como vê, poeta amigo,
a vida ainda é bela mas triste
e espinhos e flores reparte
mas estando ao abrigo da arte,
um tanto de azul sobrexiste...
 
                                                        Giulia Dummont

« Voltar