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ao ver o avô enquadrado
nos ângulos do caixão
chorava desesperado
o neto, de solidão.
e ao olhar novamente
aquela cena atroz
sentia que, de repente,
o velho endossava a voz
e toda tristeza tinha
naquela voz endossada
que aos poucos se extinguia
como a lua na madrugada
o neto já não o ouve
não sabe se está bem
o velho que, de repente,
partiu e se fez além.
o neto se perguntava:
avô onde é que estás?
nas cordas do teu violão
não ouço nem mais um \'ai\'.
o velho em seu caminho
rumava de encontro à luz,
o neto com seu carinho
intercedia junto a jesus.
era um menino franzino
o neto daquele avô,
chorava bem de mansinho
anunciando a sua dor,
pode ir à frente avozinho
segue adiante, sem dor.
deixa marcado o caminho
e nunca te sintas sozinho
que amanhã,
sou eu quem vou.
Gutemberg Alves Geraldes Júnior