MEU AVÔ
A Carlos Drumkond de Andrade
A noite encarcerada no armário
do relógio de pêndulo.
A poeira dos retratos mal escondida
o outro lado das histórias.
Os candelabros outrora luzidios
ora o azinhavre comedidamente corroía.No espaldar vermelho das cadeiras coloniais
os pregoa lembram-se um dia terem sido dourados
e o torneado dos pés e das pernas
não faria má figura na base de uma arquitetura de Niemeyer.Tapetes, tapetes, tapetes e mais tapetes
até mesmo no sétimo e no oitavo planos do espaço construído
como a sufocar lembranças e desejos reprimidos
como a querer guardar as dores de um passados que (ainda não) morreu.Carlos Arthur Newlands Júnior
Do livro: "Florações Poéticas (Antologia)", Ed. Trote, 1986, RJ