LONGEVIDADE

Hoje, espiando o tempo, eu mal raciocino…
Vilão maior do mundo engole, absorve tudo.
Vejo meus filhos, olho-os inquieto e mudo,
Uma velha e um velho em cada um menino…

Vejo os amigos pasmo. A voz triste do sino
Badala aqui e ali… E já não há entrudo
Nem carnaval nem nada. O que ontem foi graúdo
Hoje é insignificante, humilde, pequenino.

Viver é bom, mas dói. Dói a longevidade,
A paciência encurta e encurta a vaidade.
Constrange, humilha, abate o moral e faz pena…

As articulações, as pernas, as mil rugas…
As lágrimas e o dó… Homem, jamais enxugas
As lágrimas da idade… E eis a megera à cena!

                                             João Justiniano da Fonseca

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