O VELHO E O MOÇO

Duas idades — um mundo diferente —
Duas vidas ocupando o mesmo espaço:
o velho, já caindo de cansaço,
e o moço, ereto, caminhando à vrente.

A caminhar — já vacilante o passo —
lá vai o velho num esforço ingente
na direção do ocaso, que pressente
ser verdadeiro e último regaço!}

O moço, a mesma estrada palmilhando:
— no coração amor, n"alma esperança —
vem, do velho, sutil, se aproximando...

E embevecido apenas com a lembrança
de um passado, que vive recordando,
lembra o velho o seu tempo de criança!

                                 Raimundo Braga Martins

Do livro: Quase Nadam Thesaurus, DF, 1992

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