A beata de Juazeiro
Com mais de 240 mil habitantes, Juazeiro do Norte fica no sul do Ceará, a 514 quilômetros de Fortaleza. Segundo a Wikipédia, graças à figura de Padre Cícero Romão Batista, hoje a cidade é considerada o maior centro de religiosidade popular da América Latina.
Inicialmente, com o nome de Tabuleiro Grande, era apenas um distrito da cidade do Crato até que o jovem sacerdote lá se instalou. Segundo a lenda, o padre foi o responsável pelo chamado milagre de Juazeiro, quando a hóstia dada à beata Maria de Araújo transformou-se em sangue.
Padre Cícero esteve pela primeira vez em Tabuleiro Grande no Natal de 1871 para rezar a Missa do Galo. Retornaria no dia 11 de abril de 1872 para dali não mais sair. Segundo o próprio padre, a decisão de ali se fixar aconteceu depois de um sonho profético, tido por ele, onde Jesus Cristo e os doze apóstolos lhes apareciam, sentados em uma mesa, cercados por uma multidão de doentes e famintos. Cristo se declarava decepcionado com a humanidade e ordenava ao padre que deles tomasse conta.
Inspirado pelo Padre Ibiapina, Padre Cícero logo tratou de mudar os costumes do lugar, criando as Casas de Caridade que levavam educação, saúde e auxílio religioso ao povo sofrido.
Hábil articulador político, em julho de 1911 consegue a emancipação político do lugar, que passa a se chamar Juazeiro, sendo eleito como o primeiro prefeito da nova cidade.
O mito tomava corpo e se solidificava no imaginário popular.
Fotografei a beata em Juazeiro do Norte, em 1993. As marcas profundas no seu rosto demonstram que pouco mudou para amenizar o sofrimento daquele povo ao longo dos anos. Nada, porém, que seja capaz de desmontar a fé cega da sua crença religiosa.
Clóvis Campêlo