CIDADES BRASILEIRAS

O Sentido das Coisas sem Sentido
 
O sol de inverno incide sobre todas as coisas, na praça dessa cidade esparramada, no interior paulista.
Aquece meu coração enquanto olho encantada a beleza natural das plantas que rodeiam a capela antiga, situada no meio desse jardim.
A arvorezinha foi moldada por mãos humanas para adquirir a forma de um bicho e ficou ali como estátua de sal, eternizada, coberta agora pela poeira seca.
Em cada canteiro deu-se o mesmo. Estátuas de sal enfeitam a praça. Os pequenos canteiros cercados por tijolos delineiam o solo em desenhos geométricos que oedenam o mundo. Dão forma.
Vejo-me transformada em estátua de sal circundada por formas geométricas e sinto-me referendada por essas linhas ordenadoras, mais do que limitada ou contida. Meu mundo está ornamentado e protegido por linhas geométricas.
Essa pequena cidade aquecida pelo sol traz-me lembranças armazenadas e esquecidas, que agora afloram.
Toda essa ordem conseguida por mãos humanas, unindo o homem e a natureza e dando forma ao aparente, apesar do colma inóspito, conseguiu trazer-me um momento apaziguador ao dar-me um sentido às coisas sem sentido.

Djanira Pio

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