Oi Clara:
 
Tomo a liberdade de  enviar cópia da carta adiante para seu conhecimento de meus propósitos:
 
Tomo a iniciativa de informar ter o desejo de ajudar este pais a virar Nação, através de poemas.
Nação para mim, é uma país constituído de cidadãos: pessoas conscientes, politizadas, conhecedoras do que seja melhor para si e para cada um e disposta a trabalhar — nem precisa nem deve ser: lutar por isto.
Lamentavelmente o que se vê por aí é a luta.  Há violência, há luta e faz tempo que há falta de espaço para abrigar os condenados que extrapolaram os limites do que deve ser o respeito pela integridade de outras pessoas. Luta fratricida; fora os "coitadinhos" a mendigar.
Só há um caminho: formar o povo através um pouco mais de esforço para a formação de cada um de nós.
Não se pode esperar muito do Mr. Sorrisos, FHC, nem que em seu lugar estivesse — sei lá quem! — mesmo por quê atrás de um grande homem dizem sempre haver uma grande mulher e...deixa prá lá.
Vale mais um pequeno esforço a mais de muitos que um grande esforço de um só ou de poucos.
 
Castro Alves — entre outros estímulos — estimulou-me com seus versos:
 
Oh! Bendito o que semeia
Livros,
livros à mão cheia
E manda o povo pensar
O livro caindo n'alma
É germe — que faz a palma
É chuva — que faz o mar
 
Igualmente Monteiro Lobato me encorajou escrevendo que
"Uma Nação se faz com livros e com homens".
 
É evidente o desejo de um e outro de ver nosso país melhorar.
 
Todavia eu suponho que, com livros, seja difícil construir a Nação, por dois motivos: o livro é difícil de ser editado  e difícil de ser lido por quem mais poderia e deveria ler.
Já houve o caso de um livro ter feito detonar até uma revolução: A Cabana do Pai Tomás, nos EUA.  Talvez o  povo já estivesse motivado...
Quanto ao poema acho mais fácil colocá-lo ao alcance de maior quantidade pessoas, e, a exemplo do próprio  Castro Alves e da repercussão de seu poema e outros escritores brasileiros, no tocante a extinguir a opressão  escravista, optei por escrever poemas.  Se O "Navio Negreiro" foi apto a combater uma opressão vinda de fora,  poemas poderão ser aptos a combater opressões internas: comodismo de um povo liga/desliga botão de televisão,  consumismo de produtos a pagar direitos ao exterior, ao invés de consumir produtos agrícolas mais saudáveis  cuja rentabilidade ficasse por aqui, etc. etc.
Por outro lado cada livro traz uma idéia central e o brasileiro precisa ser informado e/ou formado a respeito de  várias idéias, pensamentos, sentimentos, a fim de buscar conhecimentos e valores aptos a melhorar sua própria  vida.
Pretendo escrever poemas não para uma pequena elite que os acolha e leia, mas para o maior número de pessoas e  oferecê-los como se fossem um ingrediente a dinamizar o estabelecimentos do diálogo entre as pessoas, sua  motivação, etc.
É por estes motivos que optei pela métrica, pela sílaba tônica e pela rima.  Estes ingredientes fazem o verso caminhar e o poema pulsar mais intensamente.
Atualmente a juventude não pode mais sonhar "o quê serei?"; ponho-me a trabalhar "o como sou?", através de  poemas; pela impossibilidade de sonhar "o quê serei?" os jovens estão ficando desmotivadas, sem perspectiva de  vida; através do "como sou?" as pessoas poderão projetar o "como serei": criar vida de qualidade e  relacionamentos de qualidade.  Isto poderá até ser melhor que o "quê serei?".  E não seja por falta de desafio, pois  o desafio é até maior.
A comunicação existe; o que não existe é o diálogo.  O brasileiro é um povo acolhedor e de boa vontade.  Falta-nos aprofundar um pouco mais essas qualidades.
Desculpe-me se as idéias se colocam como em blocos.  Mas se fosse desenvolver uma a uma seria necessário,  talvez...um livro, vários livros.
Afinal, que espero de você?
Espero de você o entendimento, a compreensão de meus objetivos e, se for o caso, alguma crítica ou sugestão.
Que espero mais? Que você divulgue um ou mais poemas a uma ou mais pessoas amigas.  Vou devagar por quê  tenho pressa.  Se você tiver um espaço em um site para divulgar algum, tudo bem!
Que você pode esperar de mim?
Que eu continue trabalhando — e intensamente — essas idéias, acolhendo críticas, sugestões.
Tenho pouca disponibilidade para ler, seja lá o que for, mesmo jornal ou livros, senão quando tenham relação com  minhas reflexões e produção.
Também não prometo abrir espaço em meu pequeno e modesto site, mesmo por quê não saberia como fazer.
Quem o manuseia para mim, oportunamente, é um filho ou um neto.
Agradeço pela atenção, pela acolhida e pela divulgação que você se sinta motivada a dar.

Diógenes Pereira Araújo
 

 
 

 

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