Rio de Janeiro, 1869 (*)

Exmo. Amº Sr. Conselheiro.

Escrevo a V. Ex.ª para manifestar o meu reconhecimento pela magnífica apresentação do meu pequeno trabalho, V. Ex,ª é grande, por conseqüência tem prodigalidade de um milionário de glórias. Mas para que dizer palavras? A carta de V. Ex.ª. aquele diploma literário eu só posso responder de uma maneira digna de mim e do meu ilustre mestre, é fazendo com que um dia, à força do trabalho, possa ver realizada, se não todas ao menos parte das profecias benévolas de V. Ex.ª.
Trabalhar é o meio que empregarei para ser digno do meu ilustre mestre.
E agora tenho a pedir-lhe perdão de não ter ido receber pessoalmente as ordens de V. Ex.ª. Repelido pelo teatro do Furtado, mas depois de capiciosas delongas, lutando depois para a publicação do meu drama, tive os dias uns após outros ocupados de "nada que não pude receber a honra de ir comprimentar V. Ex.ª.
Entretanto peço a V. Ex.ª que aceite as minhas despedidas, e apresente as minhas considerações à Exmª família.
Agora permita-me V. Ex.ª que me assine com toda efusão d'alma.
De V. Ex.ª, muito amigo, muito admirador, muito agradecido,

Castro Alves

Do livro: Castro Alves nas ruas do Rio, de Gilberto Guimarães, Editora CBAG, 1979, RJ
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Nota do autor GG: "Lendo-se uma carta [a acima] de Castro Alves para José de Alencar, (sem indicação do dia e do mês), percebe-se que o Poeta estava despedindo-se do escritor, ao ter que viajar daqui para São Paulo. Esta carta [é] provavelmente escrita na véspera ou na manhã do dia da viagem - 11 de março de 1968".

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