Christina M. Herrmann é poeta, webdesigner. Carioca, vive atualmente na Alemanha. Comunidades no orkut: "Café Filosófico das Quatro", "Sociedade dos Pássaros-Poetas" ambos de entrevista e "Orkultural" em parceria com Blocos Online.
Blog: <http://www.chrish.weblogger.terra.com.br>. Página pessoal no Orkut : <http://www.orkut.com/profile.aspx?uid=3958990305271197129>
Coluna 10 - 2 ª quinzena de janeiro
próxima coluna: 8/2
Parece que foi ontem a virada do ano e já estamos na segunda quinzena de janeiro. Será que é só impressão ou este ano já está andando muito rápido? Sim, tão rápido que no dia 19 último a comunidade "Café Filosófico Das Quatro", que não faz muito tempo foi fundada, completou um ano de existência com muitas comemorações e surpresas, entre elas premiações especiais, voz gravada de agradecimento com link na web e o anúncio de sua nova homepage em construção: http://home.arcor.de/cf4 . Parabéns ao café, às moderadoras (entre as quais orgulhosamente faço parte e contribuí também com sua idealização), à administração encabeçada pelo Fabio Vale que tem trabalhado brilhantemente e a todos os membros que participam enriquecendo os debates.
Hoje o destaque vai para duas crônicas, uma minha (Silvério e a Rosa) e outra da profª de literatura Solange Firmino (Para onde você olha?).
A partir de fevereiro, publicaremos uma vez por mês (normalmente dia 8) uma crônica que selecionaremos do tópico Crônicas e Artigos da comunidade do "Café Filosófico Das Quatro”, fiquem atentos.
Abraços a todos, boas leituras e até à próxima quinzena!
P O E M A S D A Q U I N Z E N A
A borboleta
encolhe-se no casulo
assim como eu, Fênix,
recolho minhas cinzas
Ambas ansiamos o tempo
que transmuta a espera
em beleza
Ambas, renascidas
pelo próprio esforço,
voamos para o mundo como
uma metáfora
da transformação
Solange Firmino
Para Christina Herrmann, a Chris-Borboleta, pelo aniversário de 1 ano da comunidade "Café Filosófico Das Quatro“.
Para alguém... 04/01/2006 14:08
Pensar, imaginar, querer e não saber...
O que vem, o que virá,
O que hoje você pensa ser, amanhã talvez.
E a vida vai assim em um enorme catavento, buscando qualquer gesto seu, qualquer pensamento...
Queria voar como o vento ou com ele, deixar me levar...
Sem ter dia para me buscar de volta em cada volta que a vida faz, pode ser que te encontre por esses caminhos, talvez te perca, mas te tenho.
E sinto e vivo como se já tivesse vivido, sentido, sofrido.
Pensar e voar, te sentir sem tocar...
Descoberta de novos sentidos,
Desejos renascidos,
Dentro de tua bouca em torno de teus lábios,
Sentindo na pele o toque etéreo da sua imaginação....
Simone
Se 18/01/2006 13:18
Eu pudesse contagiar
A seriedade dos meus lábios
Com a alegria de seu sorriso
Seu eu pudesse enriquecer
O conhecimento de minhas mãos
Com a sua anatomia
Se eu tivesse um lugar
Nos pensamentos que franzem
Uma ruga charmosa em sua fronte
Minha pena seria leve
Meus versos não sangrariam
Mil almas se salvariam.
Domingos
V A I A C O N T E C E R
Acústico Banda Digito 3
Data: Sábado, 11 de Fevereiro de 2006
Hora: 20:00
Local: Teatro da UBRO
Cidade: Florianópolis
Dia 11 de Fevereiro, no Teatro da UBRO (que fica nos fundos do Colégio Coração de Jesus, na Escadaria) estaremos tocando no Acústico com as Bandas Blecautte, Digito 3 e Wilson Borlin Jr e Amigos.
Por: Thiago José
O Q U E V O C Ê I N D I C A ?
indico 12/01/2006 18:37
o show da banda Drosophila no Centro Cultural São Paulo no dia 22 de janeiro às 18 hs. te vejo lá!
Ana Maria
13/01/2006 04:07
pra ler A Bicicleta Azul, pra ouvir: Maria Rita
Elexandre
indico boa música 14/01/2006 16:37
www.drosophila.com.br
Ana Maria
19/01/2006 12:47
de tão bom, dá pra reassistir, dois filmes que falam de blues, blues grass, rythm'blues e que tais.
- Os Irmãos Cara-de-Pau
- E aí meu irmão, cadê você?
Domingos
Exposição no Rio 20/01/2006 04:46
Está rolando algumas exposições no Paço Imperial no Rio. Dentre os artistas, a Márcia X. está ótima. Não vou adiantar nada. Tem que conferir. Abraços
Marilane
C R Ô N I C A S
Silvério e a Rosa
Silvério acordou naquele dia com um sorriso nos lábios. Tudo estava vibrante, até mesmo aquela manteiga rançosa parecia agora deliciosa como nunca. O sol tinha um brilho especial, estava com um tom alaranjado forte. O ferro de passar estava a todo vapor, afinal ele estava saindo para encontrar aquela que já significava mais do que tudo de valor que ele possuía, era seu grande amor. Foram tantas conversas por email, msn, webcam, telefone, ufa! Claro que muitas pessoas falam que isso tudo é furada, mas não com Silvério. Ele tinha certeza que encontrara algo definitivo e que mudaria sua vida. A Rosa. Não era simplesmente um nome, era um perfume que Silvério já sentira à distância e se embriagara durante meses.
Agora é sério, Silvério está dirigindo seu carro, um fusca que ele comrpou de segunda mão especialmente para causar a melhor das impressões para sua amada. Não que ele a achasse interesseira, jamais, apenas queria poder desfrutar com ela os mais gostosos momentos com passeios de carro, fazer lindas viagens. Ah, o amor...
Chegando à cidade onde Rosa morava, parou numa floricultura e comprou o mais belo buquê de rosas vermelhas que ele podia pagar. A vendedora, muito tímida, magrinha, feinha, mirradinha (muito diferente da exuberante Rosa, pensou Silvério) lhe lançou um sorriso e um olhar penetrante, que encheu Silvério de orgulho mas não foi capaz de tirá-lo de seus objetivos, nunca, imagine!
Mas Silvério estava tão ansioso que resolveu chegar primeiro ao endereço da residência de Rosa, embaixo do prédio e ver onde sua amada morava, antes de se dirigir ao restaurante onde marcaram o grande e primeiro encontro. Saiu do carro e ficou escondido atrás de uma árvore, em direção à entrada. Fitou de longe aquela construção elegante, olhou todas as janelas ansiando ver sua amada pousada no parapeito de alguma delas. Nisso vê uma moça saindo do prédio, era ela. Sim, era a sua linda e amada Rosa.
Silvério reconheceu aqueles cabelos castanhos e longos, olhos grandes e a pele alva. Num ímpeto de ir ao seu encontro, Silvério parou e viu um homem barbudo se aproximando rapidamente. Não podia acreditar no que estava vendo. O homem barbudo e Rosa se beijavam apaixonadamente.
E então Silvério ficou ali paralisado sem entender nada. Tudo à sua volta girava e o sol perdera a cor. Seu corpo trêmulo o avisara que era hora de partir, sumir, esquecer quem ele era. Correu para o carro e dirigia para não sei onde. Resolvera passar pelo restaurante, ainda tinha o endereço no bolso da calça. Com suas mãos suando frio dirigia mecanicamente aquela máquina que era a única coisa que parecia ainda ter vida naquele momento. Parou em frente ao restaurante e ficou olhando para o nada. Nisso vê uma moça se aproximando da porta de entrada apressada. Ele já vira tal moça antes, ficou curioso. Resolveu sair do carro e ir atrás dela, mas ela já entrara no restaurante. Silvério foi atrás, entrou no estabelecimento e reconheceu a moça da floricultura que já estava sentada à mesa perto de uma janela.
Ele não sabia mais o que estava fazendo ali, mas resolveu sentar-se e interpelá-la, estava confuso e curioso. A moça lhe contou que ela era a Rosa com quem ele trocara todas as cartas e emails e que a moça da webcam é que era sua irmã, quem ele vira beijando o barbudo. Como entender aquilo, pensou Silvério? Não sabia se ficava enfurecido ou agradecido, ao mesmo tempo não sabia se realmente se alegrava por estar ali. Estava tonto. A Rosa não era a Rosa e ao mesmo tempo era. A moça que estava à sua frente falava-lhe tão doce, exatamente como na troca das correspondências e ao telefone, mas confessava que teve medo dele se decepcionar com sua aparência, por isso pediu ajuda de sua irmã Célia.
Após alguns minutos de conversa, Silvério estava se sentindo outro, percebeu finalmente que sua Rosa estava ali, apenas não tinha a aparência que ele imaginava, mas sua voz suave e mansa, suas palavras adocicadas davam nova tonalidade alaranjada aos raios de sol que insistiam penetrar pela janela do restaurante.
O tempo passou e num dia de outono, porém de sol, Silvério e Rosa comemoram 50 anos de casados. Célia, irmã de Rosa, orgulhosa da felicidade de sua irmã, cunhado, sobrinhos e sobrinhos-netos, conta a história dos dois ao microfone no salão de festas do clube da cidade. Ao final, os quatro filhos e 8 netos do casal se aproximam de Silvério e Rosa, cada um com um buquê de rosas vermelhas. Silvério levanta-se com dificuldade e sem ajuda de texto pronto se dirige ao microfone e, num discurso emocionado, diz ao final: "O amor é como um raio de sol, mesmo que não se queira enxergá-lo, ele existe e se fará presente; basta você deixá-lo entrar".
Christina M. Herrmann
Para onde você olha?
No penúltimo texto da coluna Orkultural, falei sobre aproveitar o tempo ( Carpe diem ) e harmonizar Cronos e Kairos - o tempo do relógio e o tempo vivido. No último texto, abordei a idéia de fim ou começo e nossa posição sem tempo definido no calendário. Grandes pensadores, em várias áreas do conhecimento e em diferentes épocas tentaram entender o tempo. Ontem, hoje, amanhã, presente, passado e futuro sempre foram questões abordadas em seus aspectos cronológicos, existenciais, reais ou imaginários. Como conservar o tempo? Que tempo é real e concreto? O tempo que passou ficou guardado em algum lugar? É possível viajar no tempo? Não sei. Mas muito se fala em aproveitar o dia que logicamente parece ser mais “palpável”, o presente. Aproveitar somente o dia de hoje pode parecer simples, mas o presente está entre o passado e o futuro, duas faces – uma que nós conhecemos, porque foi vivida e outra que não conhecemos, com todas as suas possibilidades. Passado e futuro são duas fases no ritmo de nossas vidas, assim como tantos outros símbolos que representam a dualidade: novo e velho, dentro e fora, bonito e feio, feminino e masculino, yin e yang, etc. A dualidade também está simbolizada nas faces de Janus, divindade romana de aparência bifronte, com uma face voltada para o passado e outra para o futuro. Na Antigüidade, muitas cidades tinham fortificações com portas nas entradas. Janus era adorado como o Senhor dos Inícios e como protetor das Portas e Passagens. Ele era o porteiro celestial e suas faces representavam o término e o começo, o passado e o futuro. Era responsável, portanto, pela abertura das portas do ano que iniciava. E toda porta se volta para dois lados... Na origem do nosso calendário há homenagens a diversos deuses romanos. O mês de março origina-se do culto a Marte, deus romano da guerra. Janeiro era consagrado a Janus que, por ter duas faces, podia olhar ao mesmo tempo os dois anos, aquele que terminara e aquele que estava começando. Sabemos que o passado tem tradições, mas também tem perdas. O futuro tem possibilidades, mas os riscos são desconhecidos. O que Janus pode nos ensinar é como voltar a face para os dois lados. Aproveitemos que ainda estamos em janeiro e olhemos para os dois lados. Que possamos aprender com a vivência do caminho já trilhado a compreender melhor o presente e, por conseqüência, caminhar de modo mais lúcido para o futuro.
Solange Firmino
COMUNIDADES PARCEIRAS DA COLUNA ORKULTURAL
Orkultural:
http://www.orkut.com/Community.aspx?cmm=4952440
Café Filosófico "Das Quatro":
http://www.orkut.com/Community.aspx?cmm=1190640
Sociedade dos Pássaros-Poetas:
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Filosofia da Arte:
http://www.orkut.com/Community.aspx?cmm=2033033
Filosofia para Não-Filósofos:
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Rubem Alves:
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O Legado Clássico:
http://www.orkut.com/Community.aspx?cmm=740284
Manoel de Barros:
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Ensaio sobre a Cegueira:
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Pensamento Livre:
http://www.orkut.com/CommTopics.aspx?cmm=1843580
Falando de Filmes e Livros:
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Música Clássica:
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Christina Magalhães Herrmann:
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USINA - Grupo de [es]Tudos:
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Pensamento e Cinema:
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Sade: Est/Ética&Política:
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Elias Canetti:
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Pierre Klossowski:
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Discutindo Literatura:
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