Coluna de 23/08
(próxima coluna: 09/09)
A IMAGINAÇÃO: LAGO QUE LEVAMOS
Toda pessoa seria mais límpida se se banhasse nos encantamentos da imaginação. Este rio que carregamos dentro do cérebro. Rio não: lago. São uns açudes represados querendo escorrer por todo o corpo e a vida não deixando, o tempo não deixando, e tudo ficando seco: os olhos, as mãos, os pés, a boca seca, pedindo as águas da imaginação e as pessoas corridas, atormentadas, dinheiro, pressa, rotina, não abrem nunca as comportas, não se regam, não se umedecem de sonho. Levam a vida em aridez. Dentro da cabeça um lago, por sobre a pele as rachaduras: expressões de um corpo feito de ausência da liquidez poética. Um corpo feito de vazios. PALAVRAS Palavras: jeito de calar, jato de fúria. Enrodilhar macio, rio e árvore – palárvore verbo de pássaro. Cantatas infiéis, duas crenças, dezcrenças, segredo de folhas: palimpsesto. Sextas e sábados, modo sagrado de ser. Pailavra terra e pedra - Pailivra-me de todos males - Pailouva-me vértice de caos Pailava-me sujeira e alma - Agora e na hora do poema.
PALAVRAS
Palavras: jeito de calar, jato de fúria. Enrodilhar macio, rio e árvore – palárvore verbo de pássaro. Cantatas infiéis, duas crenças, dezcrenças, segredo de folhas: palimpsesto. Sextas e sábados, modo sagrado de ser. Pailavra terra e pedra - Pailivra-me de todos males - Pailouva-me vértice de caos Pailava-me sujeira e alma - Agora e na hora do poema.
POR QUÊ ESCREVO?
Escrevo para que o caçador em mim
tenha mais cabeças
de rinocerontes pelas paredes.
Escrevo por prazer, meu
e das letras deleitosas
sobre o papel.
Escrevo para que o sangue
corra seus abismos,
como se fosse águia.
Escrevo pela águia
que escreve poemas
melhores que os meus
quando voa.
Escrevo para:
dizer,
redizer,
desdizer:
rezar os verões que tanto gosto.
Escrevo para que a alma retorne ao corpo.
Escrevo porque aprendi
a mentir desde cedo.