COLUNA DE THATY  MARCONDES 
Na área empresarial, trabalhou na implantação de projetos de administração, captação e aplicação de recursos, e ainda em redação e revisão de textos técnicos. Nascida em Jundiaí, reside atualmente em Ponta Grossa/PR

Crônica da 1ª quinzena de setembro

 
SAUDADES DOS ANOS 60/90!?!?

 I

Apesar de muito jovem à época do "Paz e amor", Revolução (glup), "amor livre", captei muito dos valores desses movimentos.
Geração que curtia rock e bossa nova, Beatles e João Gilberto, flores e revolta às injustiças (que eram distribuídas sob vários aspectos em diversos lugares do mundo).
Estudei em Colégio de Freiras (só para moças, naquele tempo), passeei muito pela Rua Augusta, conheci Ronnie Cord (amigo da família), pedi autógrafos ao Erasmo Carlos e à Wanderléia... rs!
Ridículo?
Quem não foi algumas vezes ridículo, tomado pelo ímpeto das ações, que até a própria mente desconhecia a que ponto poderia chegar a nossa coragem?
Fiz o que achava que tinha que fazer!
Declarei meu amor, chorei quando da primeira desilusão (fui trocada pela sobrinha da vizinha), briguei com amigas, mas conservei muitas e, não fosse essa vida meio nômade, meio cigana, quantas mais não haveria de ter conservado próximas a mim?
Primeiro poema?... Sei lá... me lembro que certa feita a professora, ainda no ginásio (naquele tempo era assim chamado o curso), solicitou uma redação com o tema "palhaço".... ah, me descobri poeta!!!! Escrevi em versos, estrofes, rimas..... meu palhaço sorria, meu palhaço chorava, meu palhaço era humano!
Humanidade!!! Gente!!!
Pronto: tomei consciência!
Aí não parei mais: jogral, músicas em festivais do colégio, crônicas, declarações em versos, etc... movida, sempre, pelo interesse pela Vida e pelo Ser Humano latente em cada um de nós!
Descobri as diferenças, as afinidades, os grupos, a solidão, formei minha "escala de valores".

II
A vida seguiu seu curso, comecei a trabalhar muito cedo e nunca parei os estudos na Escola da Vida – atenta, sensível, tudo me chamava a atenção, tudo me comovia, tudo me impulsionava à escrita.
E mais a vida caminhou –  eu, caminhante a trilhar a estrada, me casei, tornei-me mãe, fiquei viúva e....
Que guinada!!!
A internet!!!!
Timidamente, lá pelo ano de 1997, fui caloura e estagiária numa sala de chat para terceira idade - afinal, em meus 44 anos de idade (à época), soubera que aos 45 anos tinha início a "Terceira Idade" (segundo definição da Organização Mundial de Saúde).

Eu estivera tanto tempo fora do contato com o mundo exterior (vida atribulada de casada, marido com saúde debilitada), fui tão bem recebida, que me encantei com os Seres Humanos que encontrei. Trocávamos poesias, letras de músicas, carinhos e mimos.... eu encontrei e cativei AMIGOS (que o são até hoje)!
E este mundo novo me conquistou: afinal, parecia ser um mundo ideal –  pessoas boníssimas, sempre prontas a ensinar, a aprender, sensibilizando-se logo às primeiras linhas de um novo poema e tantas atenções –  se alguém não aparecesse no horário e dia previamente combinados, logo sua caixa de correio eletrônico recebia uma avalanche de bilhetinhos, carinhos - preocupações, enfim!
Gente!!!! Que gente linda!!!

III
A internet evoluiu, o contato também. Aquela Sala de Bate-papo, a nossa "Salinha" não existia mais!
Alguns de nós continuamos o contato, fomos para outros chats, mas sempre nos falamos – isso perdura até hoje, devo acrescentar.
Ampliamos nosso universo, mais amigos chegaram, vieram os "Encontros de Internautas", as "Home Pages" – sempre tão pessoais e carinhosas, singelas, honestas!
Este tempo também se foi!
Mas aí já tínhamos o ICQ –  todos a postos, bilhetinhos, apitos de navio, cristais quebrados.... rs... arquivos transferidos... uau!!! Quanta novidade!!! Rapidamente nos adaptamos, aprimoramos nosso conhecimento em "html", e caminhos diversos foram sendo trilhados, embora a mesma roda de amigos permaneça até hj.
Casei-me com um internauta, vejam vocês!
Entre bytes e cyber diálogos, telefonemas madrugada adentro.... pronto.... estávamos definitivamente  "amarrados", com torcida da sala toda de chat, da turminha do icq e todos os demais... rs... Até madrinha virtual  tivemos!
Ah, que delícia eram aqueles tempos!!!

IV
Continuo casada, mudamo-nos para o sul, meu filho está enorme, alguns amigos continuam, outros chegaram, sempre fiéis a si próprios, às amizades aqui cultivadas e aos seus princípios...eu ainda sou a mesma.... Acho que a essência de cada um, é matéria-prima de seu todo!!!
No entanto..... ah, no entanto!!!
(Infelizmente sempre há um "no entanto" – talvez seja o que atrapalha tudo!)
Ultimamente temos visto pessoas até alguns dias atrás completos desconhecidos – tanto no âmbito pessoal como profissional, invadindo impetuosamente o espaço dos que aqui sempre foram de "paz", trazendo consigo sua duplicidade, ambigüidade e antagonismo, atacando tudo o que estiver à sua frente – atropelam como um trator desenfreado, passam por cima e ainda estendem o tapete para os mais agressivos que vêm logo atrás! Não têm papas na língua, abaixam o nível por completo, ignoram a inteligência dos demais, ameaçam, difamam e..... e se dizem "sensíveis vítimas da maldade alheia"!!!!!
Pasmem!!!!
Os agressores se tornam vítimas!!!
São vítimas sim: vítimas de si próprios!!!
Quem está pronto a atacar tem que estar desperto para defender.... mas a maioria destes "recém-chegados" sabe disso e o "lema de vida" deles é:
"A melhor defesa é o ataque"!!!
Então, tristemente constato o avanço dessas "tropas inimigas do bem estar geral" e me pergunto:
–  "O que é que eles vieram fazer aqui?"
Destruir! Destruir um legado tão lindo quanto a filosofia da Paz e do Amor; destruir a amizade desinteressada; destruir a ilusão de tantas coisas lindas que levamos anos para construir!
Vieram instaurar o caos, a loucura, a maldade!
Sabem o que me dá mais tristeza do que todas estas constatações expressas acima?
Que a maioria de nós, incluindo estes invasores, não é mais criança...então, silenciosamente, pergunto:
–  "O que deixaremos como exemplo aos futuros internautas? Que mundo é esse que estamos construindo no espaço cibernético?"

 V
 Como diria meu finado pai:
 "Os cães ladram e a caravana passa!"

 Assim espero!

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