COLUNA DE THATY  MARCONDES 
Na área empresarial, trabalhou na implantação de projetos de administração, captação e aplicação de recursos, e ainda em redação e revisão de textos técnicos. Nascida em Jundiaí, reside atualmente em Ponta Grossa/PR

1ª quinzena de dezembro

 
Jantar à luz de velas
 
Fiz a janta apenas pra ele...... A raiva era tanta que até quebrei o vidro de pimenta do reino - eu era a própria. Disfarcei, colocando o pó aproveitável da iguaria num pratinho de aço inox (dos que me sobraram, da aniquilação maternal, dias antes).
Cozinhei com tanta raiva, com tanto ódio, que creio - e torço - pra que ele passe mal. Percebi, ao cozinhar hoje, que veneno não é aquele retirado dos vidrinhos contendo caveirinhas, mas, sim, o conteúdo retirado do nosso âmago. Desejo, sinceramente, que ele arda em azias, se desidrate em diarréias, se contorça de dores físicas, como as que ele me causa, diariamente, na alma. Quero que ele sofra. Não como eu sofro, pois não acredito que ele tenha tantos sentimentos ou interior superior ao meu. Mas desejo, do fundo de minha alma, que ele sofra dores irreparáveis, infecções indetectáveis, males superiores ao que pode, em vão, tentar curar a medicina.
No fundo, no fundo, hoje, desejo que ele morra. Lentamente... Minguando, dia após dia, ante meu olhos sorridentes e minha vontade satisfeita. O amor que eu senti, um dia, transformou-se em ódio. Daqueles capazes de matar, numa simples receita culinária!

As velas do jantar? Acenderei, com imenso prazer, em seu velório!

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