COLUNA DE THATY  MARCONDES 
Na área empresarial, trabalhou na implantação de projetos de administração, captação e aplicação de recursos, e ainda em redação e revisão de textos técnicos. Nascida em Jundiaí, reside atualmente em Ponta Grossa/PR.

1ª quinzena de agosto MAIS PERCALÇOS DO QUE SOLUÇÕES

Não vou mentir. Não serei cínica. Tiro a roupa e a falsa máscara de benevolência agora. Sempre que sei de algum concurso literário, sem ser em “Blocos on Line”, envio a noticia a eles. Vou ao site de origem, coloco a fonte, faço tudo direitinho. Qual a intenção? Dar chances pra que alguém leia — afinal os editores do BLOCOS fazem tanto pelos autores — e festejar junto. No fundo — não sou santa, nem estou morta —, também quero um bom resultado para os textos que envio. Eu tento. Uma hora consigo: assim espero.

Bem, enviei mês passado duas notícias. Para um destes concursos, tirei todas as dúvidas por e-mail. Eu sabia de todos os detalhes. Mas, para concorrer, seriam necessárias 3 cópias encadernadas contendo vários contos, até 300 páginas. Pois muito bem. Separei e revisei 57 textos. Esperei dia 20, quando recebo minha aposentadoria, o que me traria recursos para imprimir, encadernar e postar no correio o tal trabalho, sabendo, de antemão, que haviam poucos trabalhos postados no tal concurso — o que aumentariam minhas chances, claro!

O que aconteceu foi totalmente inusitado: A dona CEF, “por um erro do sistema” (conforme me informaram), depositou apenas 1/3 do meu salário. Não consegui nem pagar as contas corriqueiras da casa! Reclamei e o que disseram? No próximo dia 20, depositam a diferença. Nota: sem juros, sem nada. Simplesmente isso! Conclusão: sem grana, eu teria que solicitar a minha mãe que me emprestasse o dinheiro para que eu pudesse participar. Na minha lembrança e fraca memória (estou parecendo meu computador: tenho apenas uma vaga lembrança, ao invés de memória), o prazo limite para colocar no correio seria o último dia do mês, segunda feira (dia 31).

Hoje pela manhã me preparei, gravei em disquete: o índice, as páginas numeradas; fiz orçamento para encadernação e impressão, e um “laboratório” para
choramingar o tal empréstimo maternal. Nota: minha mãe sabia que eu queria concorrer e não tinha grana. Oferecer pra mim? Nem pensar, pois ela acha que estou perdendo tempo aqui no computador. Para ela só tem valor “novela da Globo” — e olhe lá —. Fui rever todos os dados, ver se estava tudo nos conformes, seguindo as regras de participação, quando dei de cara com a cláusula “dia 30”. Fiquei desesperada. Liguei para Porto Alegre, perguntei, mas, infelizmente, perdi o prazo.

Sinceridade? Chorei! Perdi o prazo, a esperança, o tesão!

Meu filho já me esculhambou outro dia, dizendo:

— Bela porcaria de escritora você é! Cadê seus livros publicados? O que você ganha escrevendo? Você não faz nada: passa a maior parte do dia na frente do computador fazendo nada!

Minha mãe completou:

— Se você ganhasse um real por hora, pelo tempo que perde sentada aí, já estava bom!

É ou não é pra chorar? E, ainda por cima, perco o prazo!

Será que estou perdendo o prazo da vida? Ou apenas alguns prazos? Ou a vida está indo embora pela tela do computador?

Serão estes percalços apenas “sinais” para que eu pare com essa bobagem?

Escritora? Eu? Acho que estão todos enganados

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