COLUNA DE THATY  MARCONDES 
Na área empresarial, trabalhou na implantação de projetos de administração, captação e aplicação de recursos, e ainda em redação e revisão de textos técnicos. Nascida em Jundiaí, reside atualmente em Ponta Grossa/PR.

1ª quinzena de março

Dois dedos de prosa

Juro que serão apenas dois dedos. Agora, a distância entre os dois... Bem, isso é outra história. Pensando bem, por quê essa expressão “dois dedos de prosa ”? Dois dedos de bebida a gente sabe que se trata de medida correspondente, aproximadamente, a uma dose. E essa história de medidas é estranha e variável mesmo. Há pessoas que gostam das medidas em polegadas, outros vão de centímetros e milímetros mesmo. Onde andam os metros? Não sei de nada, não me comprometo: acho que metro é coisa pra quem esbanja. Quilômetro então, nem pensar: medida pra milionário mesmo. Como no dinheiro: passou de seis números à esquerda da vírgula, vira conversa de gente grande. E eu, brasileira comum que corre atrás do prejuízo todo mês, eternamente, caio fora do papo rapidinho: número muito grande pra mim. Acho até que nem sei mais fazer contas com tantos números assim! É muita coisa: dá uma trabalheira doida, e não é pro meu modesto bico.

Por falar em ditados que usam medidas, também tem aquele: “nos pequenos frascos, os melhores perfumes”. Meu Deus! Lembrar deste me apavorou, pois não sou modesta em medidas, e embora já esteja diminuindo a altura, continuo crescendo para os lados! Mas diminuir de altura tem lá suas vantagens: poderei usar salto e não ficar mais alta que o marido; serei um perfume de deliciosa fragrância e – quem sabe? – as células ficarão mais coesas e aumentarei minha inteligência?

Voltando à medida de apenas dois dedos, pensando bem, para escrita seria o tamanho ideal: só micro contos ao invés de contos; apenas poemas curtinhos, enxutos, concisos; as crônicas se transformariam em relatos precisos, perfeitos e sem frases de efeito, de defeito ou desnecessárias. Afinal, a gente tem sempre pressa, lê tudo na base da “leitura dinâmica” (mesmo sem ter curso), além da grande quantidade e variedade de notícias e novidades do mundo moderno que temos que absorver todos os dias. Também seria uma grande economia: se os textos forem lidos no computador, gastamos menos energia, sobra mais tempo para outros afazeres; se forem em formato impresso, além do tempo ganho, há menos gastos com papel. Enfim: só vejo vantagens na tal medida de “dois dedos”.

Héim ?! Estou falando demais? Tem razão: prometi apenas “dois dedos de prosa” e já estou me arrastando em vários palmos de conversa fiada! Acho que ficou faltando alguma coisa nesse texto. Talvez dois dedos de inspiração.

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