COLUNA DE THATY  MARCONDES 
Na área empresarial, trabalhou na implantação de projetos de administração, captação e aplicação de recursos, e ainda em redação e revisão de textos técnicos. Nascida em Jundiaí, reside atualmente em Ponta Grossa/PR, onde exerce o cargo de Conselheira Municipal da Cultura.

1ª quinzena de setembro - Coluna 50
(Próxima coluna: 18/9)


Pobres leões, quase extintos!

Eu não quero matar leões. Se eu continuar nesse ritmo, vou acabar com a fauna leonina, só pra provar do que sou capaz. Isso seria de uma crueldade acima de qualquer vaidade. O único leão que eu gostaria de ver derrotado, mansinho, é o tal Leão da Receita. Amo os bichos, e, tal atitude iria , frontalmente, contra meus princípios.

Não gosto nem de bichos enjaulados, nem em circo. Circo? Pipoca, trapezista, palhaços... Palhaçada! Daqui a pouco ao invés de distribuição gratuita de camisinhas pra população, no intuito de diminuir o número de vítimas de DST, os governantes nos servirão, sorrindo, narizes de palhaço. Pergunta: cadê o cachê? Ou seria o michê ? Não: é cachê mesmo. Michê quem recebe são esses prostitutos travestidos de defensores dos pobres e oprimidos, da população que sangra em desespero e desilusão ao verificar que até mesmo os últimos baluartes de esperança de que uma política menos injusta que se volte em favor dos necessitados, ou estão mortos, ou enterraram sua moral – imoral desfecho, revelando falcatruas.

Máscaras, vestimentas opacas lhes escondendo o jogo, dobras em tecido fino que ora se rasgam em negociatas que escapam pelas mangas, escorrendo pelos dedos sujos, pelas mãos sórdidas que se guardam em bolsos recheados do dinheiro público – talvez do nosso cachê de palhaços –.

Não me digam que vão pras ruas com a cara pintada: já pintaram nossa cara há muito! O que demorou foi pra recebermos o espelho e verificarmos nossa triste sina de povo-gado, de palhaços, bradando até que a voz nos falhe, hinos de uma esperança que jamais sairá do patamar dos sonhos. Os homens são podres; o poder corrompe; a justiça está morta; os colarinhos deles são brancos, enquanto nós – pobres mortais – nos descabelamos em técnicas honestas, em busca de um sabão simples, do sol pra quarar as nódoas que as lágrimas imprimiram no tecido roto de nossas pobres vestes de povo.

Pobres leões, quase extintos!

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