Sem nenhuma dúvida, o melhor da vida acontece diante do imprevisto e da surpresa. Não se pode deixar a rotina tomar conta do amor!
Lembro minha amiga loira e linda, com sua saia vaporosa, apaixonada pelo pintor negro, e seu encontro em plena avenida, os dois correndo um ao encontro do outro, motoristas parando carros curiosos e aquele abraço cinematográfico, descarregando a saudade. Quando foi isso? Mais de vinte anos se passaram e não esqueci...
Nascem sensações estranhas, arrepios na pele, uma energia infinda e célere como o raio quando nossos olhos se cruzam com outros desejados, uma voz ao telefone trazendo emoção e sorrisos ou flores e presentes alegrando nossa fisionomia.
Mas nada se iguala ao sabor de um abraço inesperado. Aqueles minutos de surpresa, o coração em sobressalto se perguntando: “é você mesmo?” Os dois se olhando, enquanto passo a passo a distância fica menor. Um minuto de pausa e finalmente num impulso o movimento flexível e macio, o corpo jogado nos braços que amparam e seguram. Um corpo a corpo que agasalha, conforta, enternece, reanima e faz do minuto uma eternidade.
O coração pulsa no desejo de que pare o mundo e se possa saborear o abraço, néctar e bálsamo a quebrantar o espírito, a suavizar docemente nossas vidas. Por que será que nos educamos para mascarar emoções? Seria tão bonito o mundo com mais abraços, mais elogios e mais amores!...
Afinal, apesar de muitos abraços nada significarem, outros servem para dizer: “admiro você, gosto de você, estava com saudades, sou seu amigo ou... amo você!”.
Célia Lamounier de Araújo