Quando comecei a surgir na internet divulgando trabalhos em poesia,
em janeiro/2001, logo a seguir fui estimulado por Leila Miccolis e Irene
Serra, a também voltar a escrever em prosa. Eu interrompera esta
minha “faceta literária” ainda quando jovem, ao ter que parar de
trabalhar em rádio. Isto está em minha biografia.
Aceitei o “desafio” e escrevi minhas duas primeiras crônicas
desta nova fase: “Formatura de Segundo Grau” e “Podem me Vaiar”. Aqueles
trabalhos, até hoje, rendem muitas leituras. Eu já me propunha
então a fazer um trabalho sério, e corresponder às
expectativas das duas amigas que, por primeiro, abriram as portas da internet
para mim.
A partir daí não parei mais de escrever e divulgar trabalhos e outros sites foram me aceitando como poeta e escritor. Eu, na época, mesmo aos 64 anos, estava deslumbrado, pois esta convivência no espaço virtual era uma novidade para mim que antes nem queria ter computador, acreditam? Em pouco tempo eu comecei a perceber e a sentir na pele que a internet , assim como a vida, também não é um mar de rosas.
Se eu colecionava alegrias igualmente tropecei em algumas decepções. Mas, aprendi que há muita gente fantástica na internet, tanto os que se dedicam a escrever, em prosa e em verso, com estilos bem variados, o que é ótimo, quanto outras pessoas que dedicam grande parte de suas vidas, com amor, com talento, com muito trabalho e sacrifício pessoal, mantendo vivos seus sites de literatura.
Este é o lado bom da internet, no que se refere à literatura. Estes espaços são fundamentais para tantos autores, como eu, que não são profissionais, que jamais conseguiriam oportunidade para divulgar o que criam, na chamada mídia escrita. Realizar o sonho de ser aceito por alguma editora e ter seus trabalhos em livro, bom, além de complicado é quase impossível. Não me refiro a editoras que nos publicam em coletâneas, como resultado de seleções efetivadas através de concursos literários. Isto é outro assunto.
Mas a internet tem outros aspectos positivos. Ajuda a aproximar e reaproximar pessoas. No caso da literatura, propicia uma interação entre autores e leitores, muito saudável, que eu mesmo estimulo, e favorece a divulgação de pedidos de auxílio os mais variados, etc. Com estes, entretanto, há que se tomar certas cautelas.
Infelizmente neste universo proliferam algumas mentes hostis, meio criminosas, cujo único objetivo é a antítese de todos os que desejam construir algo, trabalhar honestamente, ajudar quando for o caso. Aqueles outros têm um único objetivo: destruir, prejudicar seus semelhantes, disseminando os tais vírus e gerando os mais nocivos efeitos aos internautas.
São mentes que vivem na morbidez da crueldade. Sua felicidade é provocar a infelicidade dos outros. Que modo vazio, pobre, sombrio de viver. Sinceramente acredito na “lei do retorno”: o que aqui se faz, aqui mesmo se paga. Esses não se lastimem depois contra Deus por eventuais infortúnios que lhes ocorram. Em pouco mais de 1 ano e meio já fui vítima de 7 ou 8 ataques de vírus. Hoje estou muito melhor protegido e orientado para evitar tais dissabores.
Como primeiro as mentes criminosas criam e disseminam seus vírus e, após muitos estarem infectados, é que as empresas saem a criar os antivírus, ninguém pode se dizer totalmente protegido se não adotar certos procedimentos básicos, mesmo estando com seu programa antivírus atualizado semanalmente. Aconselhem-se com seus técnicos, aqueles que os desconhecerem.
Mas, este não é o único lado negativo que navega na internet. Já vi casos de plágio de poesias, algo fácil de ser interceptado, como foi, aliás. Isto aconteceu já há algum tempo no excelente site Usina de Letras, cujos responsáveis por ele nada tinham a ver com a atitude impensada da referida pessoa. Muitos dos freqüentadores do site logo denunciaram o que se passava, as providências necessárias foram adotadas de imediato, e a pessoa acabou por sumir de lá.
Ademais, muitos autores, aos quais me junto, têm o cuidado de registrar seus trabalhos, em poesia e prosa, de modo a preservar seus direitos autorais. Tentar copiar ou plagiar trabalhos registrados é, além de incorrer em falta grave, correr o risco de sofrer um processo. Nada melhor que a própria criação, ter o prazer de se ver algo que nasceu de nossos sentimentos, de nossas emoções, ser lido, aplaudido e, de repente, premiado em algum concurso literário.
Infelizmente umas poucas pessoas acham que a internet é, digamos, “terra de ninguém”. Crêem que podem fazer o que bem lhes vier á cabeça. Equivocam-se. Durante a Copa do Mundo deste ano, recebi uma mensagem onde alguém fazia sérias denúncias e citava nominalmente autoridades do futebol brasileiro e mundial, insinuando que o Brasil, através de uma “trama fantástica”, aceitou entregar o jogo da decisão da Copa da França, realizada em 1998.
O devaneio do autor ou autora seguia afirmando que, em troca, nosso país teria “facilitado” seu penta este ano. Acima digo “alguém”, porque quem escreveu aquele documento, aquela absurda fantasia, aquele delírio, sequer o assinava, pelo menos o que chegou a mim.
Esconder-se na sombra do anonimato e não apresentar prova alguma do que denunciava, com nomes e cifras, estas em dólares, já era motivo mais do que suficiente para não se dar nenhum crédito ao conteúdo. O pior é que houve gente que acreditou, ou pelo menos se deu ao trabalho de me escrever perguntando o que eu achava daquilo. Evidentemente não lhe dei a menor importância.
A outra mensagem semelhante, porém sem nomes nem cifras, mais
comedida, e com a assinatura do autor, eu comentei com ele, entre outros
aspectos que contestei, o seguinte “furo” da afirmativa de que estaria
tudo “armado” para o Brasil ganhar este penta: “Prezado, se estava tudo
combinado, como se explica que no jogo difícil contra a Inglaterra,
o árbitro tenha expulso, e mal expulso, o melhor jogador em campo,
o nosso
Ronaldinho Gaúcho, no começo do segundo tempo? Não
seria o caso de S. Senhoria ter expulso o melhor jogador dos ingleses?
Que raio de “arranjo” foi esse?!” Claro que não obtive resposta
esclarecendo esta séria incoerência.
Causa-me também uma forte impressão a facilidade que alguns têm de alarmar as pessoas com divulgações de boatos. O pior é que isto acaba ocorrendo, digamos, em cadeia. Os que acreditam, muitas vezes por serem pessoas de bem e nem imaginarem que possam estar sendo enganadas, acabam por repassar tais notícias, o que lhes vai, de certa forma, dando ainda maior divulgação e mesmo maior força. Lamentável.
Algo deveria ser feito no sentido de evitar que fossem propagadas, com certa constância, na internet, matérias sem autoria. Vez ou outra, alguém diz o que bem entende, até repassa textos, atribuindo a autoria a algum célebre escritor, poeta ou filósofo e logo a seguir surge outra pessoa desmentindo aquela autoria. Já li texto divulgado como sendo de Chaplin, e outro que diziam ser de um renomado escritor, para a seguir ver-se o fato desmentido. Não deveria ser assim. Há leis, sim, que podem, inclusive punir certas atitudes, o que está faltando é disposição de aplicá-las.
Outra atitude que já testemunhei, na internet, até por ter sido vítima de uma, é a seguinte: alguém escreve uma mensagem para você em caráter particular, pessoal, portanto, reservado. Não importa o assunto. Você lhe responde também em caráter particular, pessoal, portanto, reservado, claro. Nenhuma das partes pode tornar público o que a outra lhe escreveu, sem que lhe peça permissão, por escrito, e a obtenha. Desrespeitar esta regra é algo também muito sério, além de comprovar falta de educação, e/ou irresponsabilidade, de quem o faz. Mesmo na internet.
Existe uma coisa que se costuma chamar de sigilo de correspondência, o que legalmente não pode ser violado. Atitude como a que me refiro acima, violenta a privacidade a que qualquer cidadão tem direito. O que se escreve em caráter pessoal, reservado, não pode ser exposto publicamente em sites ou qualquer outro espaço, sem prévia autorização de quem escreveu o texto, a mensagem, muito menos se, sobre o mesmo, acrescentam, a seguir, comentários, sob qualquer pretexto. Acredito que a internet, apesar dos pesares, não é “terra de ninguém”.
A propósito deste assunto sugiro a leitura de uma matéria com o título: “Responsabilidade Civil na Internet” (Somente em relação ao Estado Brasileiro), de autoria do Dr. Douglas Mondo, escritor, poeta, autor teatral e advogado brilhante, com vários livros editados. O artigo foi divulgado publicamente em 11.04.2001. Quem desejar lê-lo é só me pedir, ou ir diretamente ao Dr. Douglas Mondo pelo seu site www.kyotec.com.br/poeta
Lembro também, aos menos avisados, que os provedores, de uma maneira geral, devem informar a seus usuários, quanto ao item “copyright”, que “Direitos Autorais estendem-se a mensagens de e-mails, arquivos de texto, webpages" etc. Se alguém divulga, publica, mensagens privadas de e-mail, sem ter obtido, do remetente ou remetentes, prévia autorização para o fazer, está violando, sim, os direitos individuais dos mesmos. Os sites que as acolhem são tão responsáveis, perante a lei, quanto quem promove tal delito.
Esses direitos, aliás, estão garantidos pela Constituição, no que se refere à quebra de privacidade. Ninguém pode sequer transcrever aquelas discussões “on line”, ou por e-mail, de terceiros, mesmo que quem o faça tenha sido participante da referida discussão. Cuidado, portanto, gente boa e amiga, para não ter problemas no futuro.
Existem entidades, que muitos desconhecem, que defendem não só os direitos autorais, como também a Ética, na internet. Um desses órgãos é o CIELI – Comissão Internacional pela Ética Literária na Internet. O vice presidente desse órgão é Marc Fortuna. Vamos fazer sempre o melhor uso possível deste fantástico recurso do mundo virtual e combater essas irregularidades que, além de atingir pessoas, atraem o descrédito para o que, bem utilizado, pode até salvar vidas.
Francisco Simões